Foto: Arquivo (Diário)
Entidade que representa trabalhadores da construção civil registra queda entre 40% e 50% após o fim da obrigatoriedade
Uma das alterações na legislação trazidas pela Reforma Trabalhista foi o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical. Com isso, entidades laborais e patronais estão perdendo receita e precisam se reinventar para se manter. Enquanto as baixas chegam à casa de 70%, os sindicatos apostam na diversificação de serviços prestados e no convencimento da da categorias quanto a importância da representação sindical.
Do lado do laboral, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Santa Maria é um dos que tiveram perdas consideráveis.
- A arrecadação reduziu cerca de 50% e fez uma grande diferença no caixa. A receita hoje mal paga as despesas. Vamos fazer um trabalho de formiguinha, visitando as obras e explicando aos trabalhadores a importância da representatividade da categoria - diz o presidente Cirlon Moreira.
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Além disso, conforme Moreira, o sindicato fará um levantamento de quem não tem mais interesse de contribuir para convidá-los a se tornarem associados e usufruirem de todos os direitos, serviços e convênios oferecidos.
- Eles precisam entender que, se é ruim com o sindicato, sem ele é muito pior - salienta Moreira.
Do lado patronal, as perdas também são grandes, como no Sindicato da Habitação (Secovi - Região Centro), onde a redução das contribuições chega a 70%, diz o presidente Cristian Menezes.
- Estamos nos organizando para outras fontes de receita, como o investimento em capacitação para quem trabalha no setor e prestação de serviços aos nossos associados. Tem que haver um motivo para o sindicato existir - destaca o mandatário.
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Geralmente, as entidades sindicais são mantidas por dois tipos de contribuição. A obrigatória, que deixou de prevalecer após a Reforma Trabalhista, e a associativa, que é aquela em que o associado paga uma taxa mensal e tem direito a acesso a convênios, serviços e outros benefícios. Essa última é voluntária e é um dos caminhos a ser explorado na busca por receita. Veja no a seguir a situação de outros sindicatos.
Sindicato dos Trabalhadores e Condutores de Veículos Rodoviários de Santa Maria e Região (Sitracover)
"Todas as entidades sindicais estão sendo atingidas de alguma forma e perdendo a sua representatividade. Depois da nossa última assembleia, em março deste ano, mais de 300 trabalhadores já afirmaram que vão deixar de contribuir. Temos 13 funcionários e toda uma estrutura que depende desse recurso, além de serviços e opções de lazer que oferecemos à classe. O corte dessa verba pode gerar demissões, e, em casos de pequenas entidades da região correm o risco até de fecharem as portas. O trabalhador tem que se conscientizar que somos a testa de ferro dele na busca por seus direitos.", Rogério Santos da Costa, presidente
Sindicato dos Empregados no Comércio
"Estamos esclarecendo a importância da contribuição junto da categoria. Ainda não tivemos nenhuma baixa. As principais fontes de receita são contribuição sindical, que é usada para manter os serviços que prestamos à categoria e manter a estrutura, o médico e o dentista, além da contribuição assistencial e do dissídio, usados para outros fins em ações de representatividade e busca de direitos para a categoria.", Rogério Reis, presidente da entidade, que tem 2,5 mil sindicalizados
Sindicato dos Trabalhadores Rurais
"O valor descontado é de apenas R$ 33, e o retorno que o nosso trabalhador tem é principalmente na área da saúde, com dentista a disposição e médicos conveniados. Até o momento, tivemos um questionamento sobre o assunto, mas apenas para esclarecimento. Não houve baixas." , Célio Fontana, presidente
Sindicato Trabalhadores Comércio Hoteleiro, Turismo e Hospedagem (Secohtur)
"Temos uma contribuição mensal que custeia a estrutura que temos no momento. Houve cerca de 200 associados que deixaram de contribuir. Estamos reduzindo despesas e o foco é manter, ao menos, o trabalho que já é prestado, bem como a nossa sede os quatro colaboradores do sindicato. Temos duas sedes de lazer, uma na Vila Lorenzi e outro no balneário das Tunas, em Restinga Seca. Se perdermos essa contribuição, não descartamos a possibilidade de nos desfazermos de uma delas.", Rejane Carara Cabral, presidente
Sindicato dos Lojistas Região Centro (Secovi)
"Ainda está valendo o acordo da última convenção, por isso não discutimos sobre o assunto. Mas a ideia é passar um formulário aos empresários para saber a intenção dos seus colaboradores, já que não somos mais obrigados a descontar sem autorização do sindicato laboral. No caso patronal, penso que as empresas não vão deixar de contribuir porque sabem da importância de ter um sindicato forte e representativo. Vamos conversar com o empresariado. É um momento que preciso com senso.", Ademir da Costa, presidente